miércoles, 10 de diciembre de 2008


Carta de apoio ao Explosion de Arte Callejero




É difícil quantificar a importância de um evento como o “Festival Explosion de Arte Callejero” que teve a sua terceira edição em dezembro de 2008 na cidade de Santiago, no Chile. Se busco aqui esboçar a sua grandeza o faço pelo fato de que, muitas vezes, a falta de parâmetros nos torna incapazes de termos a dimensão exata de uma ação como esta dentro dos limites da realidade local. Ocupar uma praça por três dias e apresentar gratuitamente diferentes manifestações artísticas parece ser uma ação de óbvia importância e não necessitar de maiores explanações. Mas La Explosion vai além. Pudemos perceber nesta terceira edição do evento a pluralidade nos trabalhos, o respeito à diversidade de opções estéticas de cada coletivo dentro do mesmo festival. Isso é muito. Vivemos em um período histórico em que os fundamentalismos (sejam de natureza religiosa, política, etc) provaram a sua ineficiência para resolver os problemas das civilizações. E esta postura inclusiva do evento revela a sua importância enquanto espaço de livre expressão do pensamento. Aliás, todos sabemos do sério problema que as metrópoles do mundo vem sofrendo pela falta de segurança e o quanto isso tem levado as populações dos centros urbanos a não viverem mais o espaço público, a se refugiarem dentro de seus carros, dentro de suas casas, dentro de suas solidões. Ao ocupar de maneira viva, festiva e inclusiva a Plaza La Paz, La Explosion se revela um exemplo para que não deixemos de viver a cidade, de nos encontrarmos, de ocuparmos o lugar que é do povo por direito. Sou integrante do Elenco de Ouro, um grupo de teatro do Brasil, e aqui (como em outros lugares) constatamos as iniciativas do poder público em implantar políticas de formação de platéia a fim de garantir o acesso da população à cultura. A questão é que muitas pessoas jamais entraram em uma sala de espetáculo. Por isso a arte de rua é de importância vital para a alma da cidade. A arte livre que se realiza nas ruas, nas praças , nos espaços públicos e resiste a uma ideologia de exclusão é o que pode evitar que nos tornemos apenas consumidores de um tipo de produto feito para entreter. Há que se respeitar o artista de rua. O teatro nasceu no espaço público e é recente a sua história enquanto sub-produto de uma classe social, enquanto fruto de uma arquitetura específica, enquanto espetáculo para poucos “escolhidos”. Nosso grupo se sente honrado por ter podido participar deste festival, que tem o mérito de ser realizado por coletivos de teatro (o que garante a sua integridade), embora conte com pouquíssimo apoio para sua realização (fato que, acreditamos, mudará com o passar do tempo através da sensibilização do poder público e da conscientização cada vez maior da população quanto a sua natureza). Como brasileiros, latino-americanos, artistas que deixaram o espaço fechado das salas de espetáculo para buscar formas mais diretas de contato com a vida da cidade , fica a nossa admiração, o nosso carinho e o nosso respeito por todos aqueles que se envolveram na organização do evento, sejam eles produtores, artistas ou público. Nosso muito obrigado a todos. Vida longa ao Explosion De Arte Callejero!!!

Cleber Braga
diretor artístico da Cia Teatral Elenco de Ouro

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